Sex, 19 de julho de 2024, 09:55

UFS anuncia colaboração acadêmica com a Universidade de Madeira
Inciativa atua na mobilidade docente e discente internacional

Um trabalho conjunto entre a Universidade Federal de Sergipe (UFS) e a Universidade Federal do Amapá (Unifap) proporcionou a assinatura de um termo de cooperação com a Universidade da Madeira, instituição de ensino pública de Portugal. A parceria, articulada pela professora Marizete Lucini, do Departamento de Educação da UFS, vem para viabilizar a inclusão de estudantes pretos, pardos, indígenas e de pessoas com deficiência, em processos de mobilidade internacional, conforme explica a professora Érica Winand, coordenadora de Relações Internacionais da UFS.

“Somos muito gratos à professora Marizete, estamos unindo uma universidade do Nordeste brasileiro, a UFS, com outra do Norte, a Unifap, em busca de um mecanismo de cooperação com uma universidade portuguesa, sob uma pauta afirmativa por excelência. Estamos muito orgulhosos por assistir à consolidação da cultura de práticas afirmativas se estender à internacionalização, um pilar da Universidade que historicamente é visto como elitizado e excludente”, afirma.

A movimentação foi possível graças ao edital do Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes), por meio da Mobilidade Docente e Discente Internacional, que se destina à formação e capacitação de estudantes autodeclarados pretos, pardos, indígenas e estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, com elevada qualificação em universidades, instituições de educação profissional e tecnológica e centros de pesquisa no Brasil e no exterior, de excelência.

Para Érica Winand, trata-se de uma parceria muito promissora. “É muito alvissareiro observar universidades do Nordeste e do Norte cooperando para este fim. Presenciamos uma importante guinada da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes), rumo a uma política de pós-graduação mais justa, também no que toca às oportunidades internacionais, antes dinamizadas por uma meritocracia desatenta às particularidades regionais. O edital da Capes, ao qual se relacionou esta parceria, surgiu para priorizar as regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste e localidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal”, detalha a coordenadora.

Ainda de acordo com ela, o edital mencionou que as propostas também deveriam recortar temas que promovessem a igualdade racial, o combate ao racismo, a valorização das especificidades socioculturais e linguísticas dos povos indígenas, da acessibilidade e da inclusão. “Isso leva à outra correção histórica, que seria um investimento mais justo na internacionalização de cursos e programas das Ciências Humanas e Sociais que, historicamente, receberam volume menor de financiamento para a internacionalização em comparação com outras áreas, como saúde e exatas”, ressalta.

“Ver a UFS contemplada na chamada do Programa Abdias Nascimento, por meio do projeto da professora Marizete, é a comprovação de que temos docentes que, além de competentes, estão ‘lutando a boa luta’”, complementa.


Érica Winand é coordenadora de Relações Internacionais da UFS. (foto: Adilson Andrade/Ascom)
Érica Winand é coordenadora de Relações Internacionais da UFS. (foto: Adilson Andrade/Ascom)

Consolidação

Para o reitor da UFS, Valter Santana, o termo de cooperação vem também para ajudar a fortalecer a política institucional de internacionalização da universidade. “É uma alegria poder firmar mais uma parceria internacional da nossa instituição, consolidando pontes que são estratégicas em nossa política institucional de internacionalização, que fomentam uma proximidade maior entre as instituições e uma qualificação no âmbito da graduação, extensão e pesquisa da nossa universidade”, afirma.

O convênio pode durar até cinco anos, e ser refeito, se for do interesse de todas as partes. Já o projeto aprovado, deve ser executado em quatro anos, durante os quais as partes trabalharão para formar estudantes brasileiros que se encaixam no perfil do edital.

De acordo com o pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UFS, Lucindo Quintans, a assinatura do Termo de Cooperação entre a UFS, a Universidade Federal do Amapá e a Universidade da Madeira, no âmbito do Programa Abdias Nascimento, da Capes, representa um avanço significativo na educação inclusiva e global.

“Este acordo reafirma o compromisso da instituição com a diversidade e a igualdade racial, oferecendo aos discentes uma oportunidade ímpar de estudar em um ambiente multicultural e com experiências de aprendizado sem precedentes em suas carreiras. Parabenizo aos pesquisadores e programas de pós-graduação envolvidos, cujas ações estão alinhadas com a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Essa iniciativa é um marco para a UFS, a universidade nota máxima pelo MEC”, comemora o pró-reitor.


Reitor da UFS, Valter Santana, diz que cooperação fortalece a política de internacionalização da universidade. (foto: Yan Lima/Ascom)
Reitor da UFS, Valter Santana, diz que cooperação fortalece a política de internacionalização da universidade. (foto: Yan Lima/Ascom)

Benefícios

A coordenadora de Relações Internacionais da UFS, Érica Winand, explica que, além da concessão de bolsas de estudos, o edital traz uma série de benefícios. “Trata-se de difundir o conhecimento da história e cultura afro-brasileira e indígena e ampliar a participação em mobilidade internacional dos estudantes autodeclarados; promover vínculos e atividades de cooperação entre grupos de pesquisa brasileiros e estrangeiros; promover a cooperação internacional na área de educação, ciência, tecnologia, inovação em políticas afirmativas; promover o intercâmbio de experiência em âmbito internacional para a construção de igualdade de direitos e oportunidades no país; promover programas de acesso e permanência de estudantes autodeclarados pretos, pardos, indígenas e estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades no mestrado e doutorado”, pontua.

“Temos trabalhado, de acordo com o Plano de Desenvolvimento Institucional da UFS, de modo a continuar ampliando parcerias com eixos tradicionais de cooperação internacional que, dentro da universidade, traduzem-se em ações de efetivo alcance por nossa comunidade. Todavia, nossa gestão reconhece a importância inconteste que as parcerias com o sul global têm para países ainda subalternizados pelos grandes centros de produção do conhecimento e da ciência. Reconhecendo-nos parte desta periferia geopolítica e como universidade do Nordeste do Brasil, sem deixar de nos orgulhar pela pesquisa e tecnologia de ponta que produzimos, queremos agir para furar as bolhas de mecanismos produtores de injustiças cognitivas”, declara a coordenadora.


Lucindo Quintans é pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UFS. (foto: Schirlene Reis/Ascom UFS).
Lucindo Quintans é pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UFS. (foto: Schirlene Reis/Ascom UFS).

“Nossos últimos editais de internacionalização vem privilegiando parcerias com o sul global para que, junto de nossos parceiros, alcancemos trocas mais simétricas e com contrapartidas mais equilibradas para o desenvolvimento científico dos países envolvidos. Neste sentido, temos investido energia para incrementar o número de convênios com a África e com a América Latina, nossa região natural. Todos os nossos convênios e suas vigências podem ser acessados pela página internacional.ufs.br”, menciona Érica Winand.

Ascom


Atualizado em: Sex, 19 de julho de 2024, 10:23
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