Para reconhecer e fortalecer a tradição cultural imaterial, a Universidade Federal de Sergipe concede, periodicamente, o Grau de Mérito Universitário Especial em Saberes e Fazeres e também em Artes e Cultura Popular. Na última cerimônia, realizada na terça-feira, 30 de julho, 44 mestres de ofício e artífices, gestores e empreendedores receberam o certificado.

Dentre os homenageados, um nome chamou ainda mais atenção: Cleiton de Oliveira, conhecido como Cleiton AP, foi reconhecido com o Grau de Mérito Universitário Especial em Artes e Cultura Popular pelo uso da cultura do hip-hop como um caminho de inclusão para a população em situação de rua. Aos 44 anos, ele, que também vive em situação de rua, poderá participar de programas e projetos de ensino, pesquisa e extensão da universidade, além de encaminhar projetos ligados à área de atuação e contribuir como avaliador em bancas de graduação e pós-graduação ou coorientar trabalhos de conclusão de cursos.

“É muito importante porque a gente vem com a vivência da rua dentro da cultura hip-hop e é a primeira vez que alguém assim recebe esse título. O hip-hop tem 50 anos no mundo, 40 no Brasil e, desses 40, Sergipe tem 35 anos de cultura hip-hop, então é importantíssimo para que a gente possa trazer e levar vivência para dentro da universidade e perceber que a UFS, realmente, está nas ruas”, afirma Cleiton.

Para ser selecionado e receber o Grau de Mérito Universitário Especial em Saberes e Fazeres e em Artes e Cultura Popular, o candidato precisa realizar inscrição em edital publicado pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex/UFS) e atender aos requisitos necessários.

“O Cleiton tem uma trajetória de hip-hop e é um ícone no estado há muito tempo desenvolvendo esse trabalho. Ele comprovou a perpetuação do trabalho e comprovou documentação necessária exigida para a titulação”, explica a coordenadora de Tecnologias Sociais e Ambientais da Proex, Tereza Raquel.

Cleiton AP coordena o Coletivo A Rua, cujo objetivo é ajudar pessoas em situação de rua com foco no hip-hop, e sempre atuou na luta pela moradia, em prol de políticas públicas e auxílios. Além disso, também está à frente do Movimento Popular de Saúde (MOPS) na área de arte e cultura e faz parte do Comitê de Combate à Tortura, no qual é verificada a situação da população em espaços de privação da liberdade.

“Em 1993 ou 1994 a gente já desenvolvia a cultura hip-hop e já dava aula de break. Esse trabalho social que a cultura hip-hop desenvolve, através do Coletivo A Rua com a população em situação de rua é um trabalho que todo o Brasil faz porque a gente costuma dizer que o hip-hop salva. Também sabemos que muita gente que entrou nessa cultura conseguiu ter êxito na vida. Na escola do bairro Coqueiral, em Aracaju, de 2007 a 2011, fui referência nacional e éramos nós que estávamos naquele espaço falando e trazendo desenvolvimento cultural com a cultura hip-hop”, ressalta Cleiton.

Na próxima terça-feira, 06 de agosto, Cleiton AP estará de volta à universidade durante o Fórum das Ligas Acadêmicas da UFS. Ele participará do encerramento do evento, voltado à integração das ligas e orientações, reunindo discentes ligantes, professores tutores e equipe do Escritório de Projetos de Extensão e Tecnologias Sociais (EPTS/Proex). Para saber mais sobre o evento, clique aqui.

Grau Mérito Universitário Especial

O Conselho do Ensino, da Pesquisa e da Extensão da Universidade Federal de Sergipe (Conepe/UFS) instituiu, por intermédio da Resolução nº 14/2019, o Grau de Mérito Universitário Especial no âmbito da UFS voltado a pessoas com comprovada experiência e que não sejam detentoras de formação acadêmica de graduação e de pós-graduação.

Letícia Nery - Ascom UFS