Na noite da última segunda-feira, 11, foi realizada na Universidade Federal de Sergipe (UFS) a conferência de abertura do IV Encontro Internacional da Associação Brasileira de Estudos Africanos (Abe-África), com o tema “Passados sensíveis, futuros possíveis”. O evento aconteceu no auditório da Didática 7, no Campus de São Cristóvão.
A diretora da Fondation Amadou Hampâté Bâ, Roukiatou Hampâté Bâ, conduziu a conferência, que foi traduzida simultaneamente para o público presente. Filha de Amadou Hampâté Bâ, um dos principais pensadores malinês, ela destacou a importância da data de realização do evento.
“O número 11 era muito poderoso para o Amadou Hampâté Bâ porque ele dizia que significava Deus diante do ser criado, então 11 é como uma encruzilhada na qual o bem e o mal estão equidistantes e o equilíbrio deve ser preservado”.
Roukiatou Hampâté Bâ explica que a África precisa ser conhecida a partir das próprias referências. “A palavra cultura significa colocar algo para crescer e, no sentido da retórica, é a produção de tudo aquilo que é feito para a conservação da própria vida humana e as artes entram nessa questão. Muitos fazem uma diferenciação entre cultura e arte, quando, na verdade, a arte é parte integrante da própria cultura".
A mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em História da UFS, Leandra Lima, acompanhou a conferência de abertura. Para ela, o evento é uma oportunidade de entender mais sobre a história da África. “Apesar de pesquisar algo diferente do que está sendo tratado no evento, eu sou professora de história e sei o quanto vai agregar na minha formação, porque é uma oportunidade de entender um pouco mais sobre a história da África. Na graduação nós tivemos a disciplina, mas nada se compara a isso, então estou aqui pensando no meu crescimento profissional e pessoal”.
Programação até 14 de novembro
O encontro segue com uma programação diversificada até a próxima quinta-feira, 14, reunindo pesquisadores que têm a África como centro de suas investigações com o objetivo de criar conexões entre instituições, grupos de pesquisas, acadêmicos e sociedade em geral.
A coordenadora do evento e professora do Departamento de História da UFS, Mariana Bracks, ressalta a importância do evento para a criação e consolidação de redes para o fortalecimento dos estudos africanos no Brasil.
“Para nós é um grande prazer receber tantos pesquisadores no evento, especialmente aqueles que vieram do continente africano para o evento. Acredito que é a primeira vez na história que a UFS consegue reunir tantos africanistas e palestrantes do continente africano juntos nessa potência. Espero que a gente tenha muitos diálogos e que seja um evento bom para todos os participantes e, assim, que possamos contribuir com os avanços dos estudos africanos. A expectativa é que o público conheça também a cultura de Sergipe para fortalecer esse campo de estudos, alinhado com as perspectivas africanas”, afirma a professora Mariana.
Esta edição do evento celebra o centenário de Cheikh Anta Diop, intelectual senegalês que provocou o “renascimento epistemológico africano”, e o cinquentenário das independências dos países africanos de língua portuguesa, além de refletir sobre a Década Internacional da Afrodescendência (2015 a 2024) proclamada pela ONU e a Agenda 2063 da União Africana.
Um dos palestrantes do IV Encontro Internacional da ABE-África é o representante da União dos Escritores Angolanos, John Bela, que veio de Angola até Sergipe especialmente para o evento.
“Hoje é um dia muito importante justamente por ser o dia que o meu país completa 49 anos de independência. E mais importante ainda foi perceber que muita coisa da história do meu país as pessoas não sabiam e ficaram a saber com o que estiver a expor. Espero que eventos como esse tenham mais apoio porque ainda há mais coisa a ser falada”, diz o intelectual.
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Letícia Nery - Ascom UFS