Na noite da última segunda-feira, 25, o Grupo de Pesquisa Xique-Xique e os Observatórios Sociais da Universidade Federal de Sergipe deram início ao evento "Feminicídio e transfeminicídio em contextos internacionais". A iniciativa segue até a próxima quinta-feira, 28.
Intitulada "Os desafios ao enfrentamento do feminicídio e transfeminicídio no Brasil", a mesa de abertura contou com palestra de Bruna Benevides (Astra) e Valdilene Cruz Martins (Ressurgir). Além disso, o primeiro dia do evento foi marcado pelo lançamento do livro “Me deixe - violências domésticas, tecnologia social e políticas públicas”, organizado pela professora da UFS e coordenadora do evento, Patrícia Rosalba.
O livro de 190 páginas reúne 15 autores em 10 capítulos, pensando na produção de conhecimento acadêmico e desenvolvimento da ciência. Para adquirir a obra física, basta entrar em contato com o Grupo de Pesquisa Xique-Xique e, em breve, também será disponibilizada a versão digital.
“O livro traz resultados de pesquisa sobre violência doméstica no estado de Sergipe e uma análise do quão importante é enfrentar esse machismo estrutural e institucional, além de fazer um balanço também de como foi a construção do aplicativo lançado e o contato com outras instituições para que isso se efetivasse. Sobretudo, convocamos as mulheres para essa irmandade, porque precisamos ser irmãs nas dores e nas alegrias e nos sustentar nesse processo de enfrentamento ao machismo”, afirma Patrícia.
Ela ressalta o perfil de integração internacional do evento, reunindo pesquisadores de diversos países para debater o tema na instituição. “O evento foi aprovado pela Capes e faz parte de um projeto maior do CNPQ, que envolve cinco países: Brasil, México, Espanha, Peru e Equador, onde estamos estudando a gestão estatal do feminicídio. Então, reunimos pesquisadores desses países, movimentos sociais e estruturas do estado de Sergipe para discutir esse tema que é extremamente caro e urgente. O que a universidade faz é debater de forma muito séria, através de iniciativas como essa, e alertar a comunidade política sobre um tema que não pode ser maquiado. É preciso que haja uma resposta efetiva para que a gente fale de feminicídio e feminicídio zero. A gente não quer ninguém morrendo por questões de gênero”, complementa a coordenadora.
Na tarde desta terça-feira, 26, aconteceu a mesa “Violência de gênero e Direitos Humanos em contextos Brasil, México e Espanha”, mediada pela professora do Departamento de Ciências Sociais da UFS, Mônica Santana. A atividade contou com a participação dos pesquisadores Alejandra Salguero (Unam/México), Gladston Passos (UFMG), Maria Macarro (UPO/Espanha) e Lidiane Drapala (CRP19/1664).
“É fundamental que esse espaço que a gente tem na universidade possa dialogar com a sociedade como um todo e, a partir dos nossos estudos, temos percebido cada vez mais as denúncias. Não só aumentou o número de casos, como também aumentou o número de de denúncias de feminicídio e transfeminicídio, então é importante que a gente possa dialogar com a sociedade, os movimentos sociais e os diversos setores para que possamos tornar esse tema cada vez mais visível e, principalmente, buscar caminhos de políticas públicas para combatê-lo”, destaca a professora Mônica.
Acompanhando a atividade, a professora do Departamento de Serviço Social da UFS, Liliana Aragão, ficou sabendo do evento por meio das redes sociais e decidiu se inscrever.
“Eu estudo violência contra a mulher e violência de gênero desde a minha formação aqui na universidade e ultimamente venho me interessando bastante pelo tema de feminicídio. Então, achei muito importante estar presente para conhecer as publicações que estão sendo realizadas não só aqui na UFS, mas também fora do país. Esse intercâmbio de instituições está sendo muito interessante porque mostra a realidade de outros países e o evento traz uma discussão a partir dos movimentos sociais também para não ficar uma questão puramente acadêmica. É muito interessante para que a gente pense e discuta essa problemática que é tão difícil para a sociedade”, afirma a professora Liliana.
Letícia Nery - Ascom UFS