Até o dia 06 de dezembro, a Universidade Federal de Sergipe será sede do IX Encontro Sergipano de Educação Ambiental (Esea), promovido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental de Sergipe (Gepease). O evento propõe a inserção do pensamento da sustentabilidade na perspectiva de transformação social em prol de um ambiente justo e equilibrado, e uma reflexão a respeito da implementação de políticas públicas para a educação ambiental.
A coordenadora do evento e professora do Departamento de Biologia da UFS, Aline Nepomuceno explica que o objetivo do evento é trazer a educação ambiental para o centro da discussão, tanto no contexto micro quanto no macro. “A ideia é trazer a relevância dessas políticas para a educação ambiental no cenário sergipano, mas não tirando de contexto o cenário nacional e mundial dentro da perspectiva da crise climática que a gente vive. Entendemos que a educação ambiental é uma dimensão do processo educativo primordial para a conscientização e a sustentabilidade que almejamos, tendo em vista todas essas catástrofes que já vêm há anos se apresentando como problemas socioambientais”, afirma a professora.
A conferência de abertura foi realizada na noite da última terça-feira, 03, com palestra do diretor do Departamento de Educação Ambiental e Cidadania do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Marcos Sorrentino. Intitulada “Política Pública de Educação Ambiental: desafios e propostas”, a atividade aconteceu no auditório da Didática 7 no Campus de São Cristóvão.
“Nós atribuímos uma importância à descentralização das políticas públicas de educação ambiental e no estado de Sergipe existe uma iniciativa pioneira de construção de uma rede de centros de educação ambiental que sintoniza com a nossa política pública fomentada a partir do Ministério do Meio Ambiente. Então, a universidade e as instituições articuladas demonstram uma grande capacidade de interpretar o fazer educador ambientalista como algo que está para além dos projetos pontuais voltados à solução de problemas específicos na área ambiental. Estamos em um estado que tem mais de dois milhões de habitantes e pode dar um exemplo para o país sobre como uma política descentralizada chega a essa população em todos os 75 municípios”, explica o diretor Marcos.
Presente na mesa de abertura do evento, o reitor da UFS, Valter Santana, ressaltou a atuação da universidade em prol de temas relevantes para o futuro da população sergipana.
“A Universidade Federal de Sergipe é um espaço onde tratamos de assuntos de interesse da sociedade e a realização de eventos que possam trazer autoridades nas diversas áreas em que atuamos é extremamente importante. Integrar os nossos professores com professores de outras instituições de Sergipe e do Brasil é um motivo de muito orgulho, já que mostra o respeito e o respaldo que a nossa universidade tem dentro do cenário nacional de tratar questões importantes e promover, por meio pesquisa e da formação, mudanças reais. Espero que, por meio dessas discussões, consigamos ter ações concretas que visem a proteção ambiental e um futuro melhor para todos nós”.
Já a gerente de Educação Ambiental e Relações Sociais da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas (Semac), Isabelle Blengini, destacou a importância da parceria do estado com a UFS.
“Temos projetos de pesquisa em parceria com a UFS na área de educação ambiental com duas professoras do Gepease e essa é uma instituição com a qual precisamos sempre dialogar, principalmente para poder discutir a implementação da educação ambiental enquanto prática e fortalecer essa institucionalização no estado. Então, se garantimos essa parceria com a UFS, garantimos também que a pesquisa e toda a produção da UFS perpasse pelas ações da Semac, e é isso que queremos”.
Com tema “Políticas públicas de Educação Ambiental numa sociedade de risco”, a 9ª edição do evento contará com mesas redondas, conferências, apresentação de trabalhos científicos e relatos de experiências.
“Esperamos que o pessoal se engaje nesse processo e que consigamos viver a pauta da educação ambiental nessa semana. São quatro dias para, de fato, imergir, no tema e propor iniciativas para o estado de Sergipe”, conta a professora Aline Nepomuceno.
Inscrita no evento, a estudante do 7º período do curso de Ciências Biológicas do Campus de Itabaiana, Kawany Vitória Alves, decidiu participar por se interessar pela temática.
“Eu estou conhecendo um pouco sobre educação ambiental, me interessei bastante sobre a temática e queria me aprofundar mais. Foi quando vi que tinha esse evento aqui tão próximo e sabia que não podia perder essa oportunidade. Também eu vi quem seriam os palestrantes das mesas, que são pessoas que eu já utilizei nas minhas referências, e entendo como o momento perfeito para ter contato direto com esses pesquisadores e me aprofundar mais na temática”, diz a estudante.
Também do Campus de Itabaiana, o mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Naturais (PPGCN), decidiu participar do encontro com o objetivo de divulgar a pesquisa de mestrado. Ele vai participar das apresentações de trabalhos científicos.
“Eu trabalho com conhecimentos tradicionais de terreiro e é uma temática que tem uma carga de estereótipos muito forte e a gente invalida muito o terreiro como um espaço de conhecimento tradicional. A perspectiva é mostrar como a minha pesquisa está sendo desenvolvida e o que ela tem pra agregar também para educação ambiental, porque há um dito popular no candomblé que diz que sem folha não tem orixá, então, quando trabalhamos com tudo o que a natureza proporciona e como os orixás são manifestações da natureza, precisamos, enquanto academia, olhar para o espaço do terreiro como um espaço além do religioso. Debatemos muito como a academia é sempre um espaço fechado para nós, mas toda a minha pesquisa está aqui em Sergipe, estudando como esse conhecimento tradicional pode ser uma ferramenta para formação de professores”.
Letícia Nery - Ascom UFS