Qui, 05 de dezembro de 2024, 18:11

Egressa e professor da UFS conquistam prêmio federal em Arqueologia com estudo sobre o cangaço
Artigo científico premiado aborda as relações entre as mulheres do cangaço e a cultura material bélica

A recém-egressa do curso de Arqueologia, localizado no campus de Laranjeiras da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Luciana Alves Costa, foi premiada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) através do 12º Prêmio Luiz de Castro Faria, concurso que reconhece pesquisas acadêmicas de excelência com temática relacionada ao Patrimônio Arqueológico brasileiro. A estudante ficou com o segundo lugar na categoria 2, que trata da arqueologia das repressões e das resistências em contexto brasileiro. A premiação é um reconhecimento ao seu artigo científico que aborda as relações entre as mulheres do cangaço e a cultura material bélica. A pesquisa, fruto de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), foi realizada sob a orientação do professor Leandro Domingues Duran, também contemplado com a premiação.

Intitulado "No Corpo um Vestido de Chita, Garrucha Enfeitada com um Laço de Fita? Cangaceiras e Armas à Luz da Arqueologia", o artigo explora o protagonismo feminino no cangaço por meio da relação dessas mulheres com as armas. Luciana explica que sua monografia, base para o artigo, surgiu de inquietações em relação à forma como as cangaceiras são representadas. “Observava que havia uma centralidade muito grande em pensar a relação dos homens do cangaço com suas armas, enquanto as mulheres ficavam à margem, geralmente retratadas como subjugadas ou em papéis romantizados”, afirmou.

Por meio de análises de registros históricos e arqueológicos, Luciana investigou como essas mulheres se apropriavam das armas e as utilizavam em contextos de conflito, desafiando perspectivas tradicionais que as relegavam à passividade. O estudo também dialoga com a Arqueologia feminista, destacando o protagonismo feminino em um movimento histórico marcado por violência e resistência.

O professor Leandro Domingues Duran destacou a inovação metodológica da pesquisa como um fator essencial para o reconhecimento. “Eu acho que um dos fatores é a abordagem inovadora, tanto na definição do objeto de pesquisa quanto no uso de uma metodologia de arqueologia documental, algo pouco comum. Essa abordagem coloca no centro da análise o papel feminino, uma temática que, apesar de crescer na arqueologia, ainda não alcançou todo o seu potencial”, explicou.

Ele também destacou a relevância contemporânea do tema. “A questão dos conflitos e do uso da violência como forma de resolução é extremamente atual. Refletir sobre situações como essas é importante, especialmente ao resgatar o protagonismo feminino em contextos históricos de violência”, afirmou.

O professor ainda destacou o impacto da premiação para a UFS. “Essa conquista reflete o crescimento da pluralidade de abordagens na prática arqueológica dentro da universidade, dando visibilidade à arqueologia praticada na UFS. Nosso departamento equilibra a compreensão regional com temas que transcendem essa regionalização, como a questão da violência bélica. Isso mostra a vitalidade do programa e do campo da arqueologia no Brasil”, concluiu.

Vale ressaltar que esta é a segunda premiação de Luciana. O primeiro reconhecimento foi concedido pela Sociedade de Arqueologia Brasileira, reforçando a excelência acadêmica de sua produção.

Yan Lima - Bolsista
Brunna Martins - Ascom UFS


Atualizado em: Sex, 06 de dezembro de 2024, 12:47
Notícias UFS