É através da educação que muitos brasileiros conseguem mudar tanto as suas realidades quanto a dos seus familiares. Dessa forma, a Universidade Federal de Sergipe (UFS), que é a única instituição pública de ensino superior presente no estado, contribui significativamente na formação acadêmica do Brasil e, consequentemente, na transformação da realidade de brasileiros e brasileiras.
Com o ensino de qualidade, a UFS oferece cursos de graduação e pós-graduação que geram impactos positivos nas vidas de seus alunos e egressos. Não é à toa que na última avaliação de Recredenciamento Institucional realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC), a UFS alcançou nota máxima.
Diariamente, em todos os campi da UFS, pessoas com histórias inspiradoras andam pelos corredores, centros de vivências e demais espaços. Hoje, contamos três dessas histórias: a do Rafael dos Santos, egresso do curso de Museologia, a da Gabriely Matos, estudante de Medicina e a da professora do departamento de letras vernáculas Renata Ferreira Costa.
Apesar de terem histórias distintas, eles têm em comum a ascensão social através da educação.
Educação que abre portas
Nascido e criado no bairro Cidade Nova, na zona norte de Aracaju, Rafael dos Santos Machado, egresso do curso de Museologia, encontrou na educação um caminho para mudar sua realidade. Fruto da escola pública, Rafael, que foi incentivado por seus professores a enxergar o estudo como meio de transformação social, tornou-se a primeira pessoa da família a ingressar no ensino superior.
De origem periférica, o único caminho que Rafael julgava possível para dar uma condição de vida mais confortável à sua família era através dos estudos, e ele focou nisso. “Eu sempre ouvia dos meus professores que poderia mudar a minha realidade através dos estudos e tive muito interesse em estudar. Tanto que consegui concluir meu ensino médio, mesmo em um período em que, há mais de dez anos, muitas pessoas na minha situação econômica desistiam e não conseguiam continuar os estudos”, afirma.
Após concluir o ensino médio, por questões financeiras, Rafael precisou pausar os estudos e trabalhar. Mas, em 2014, retornou aos planos de ingressar no ensino superior e, durante suas pesquisas, descobriu o curso de Museologia na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Como ele gostava bastante de história e enxergou na museologia a possibilidade de atuar em um campo interdisciplinar, decidiu cursar.
Ao finalizar a graduação, Rafael ingressou no mestrado e desenvolveu pesquisas focadas em questões LGBTQIAPN+ e patrimônios culturais, temas que abriram portas para novas oportunidades. Durante a pandemia, ele concluiu o mestrado, superando os desafios impostos pelo isolamento social. Pouco depois, recebeu um convite para atuar como assessor parlamentar, reconhecido por sua dedicação às pesquisas em defesa de pautas sociais realizadas durante a graduação e o mestrado.
Além de atuar na assessoria parlamentar, atualmente, Rafael preside a CasAmor, uma instituição voltada ao acolhimento de pessoas LGBTQIAPN+ expulsas de seus lares. Essa iniciativa oferece suporte psicossocial, jurídico e cultural, transformando vidas e ampliando o acesso a direitos básicos.
A educação é o caminho mais seguro
Filha de uma professora de educação básica e de um pequeno agricultor, Gabriely Matos, é estudante do 7º período de medicina da UFS e recentemente foi aprovada para um estágio em um hospital vinculado a Harvard, uma das universidades mais renomadas do mundo. Natural de Nossa Senhora de Lourdes, ela sonhava desde criança em estudar medicina.
Apesar das barreiras financeiras e educacionais que dificultam o acesso de jovens de baixa renda ao ensino superior, Gabriely encontrou na educação a força para transformar sua realidade. Durante sua trajetória, Gabrielly conseguiu bolsas de estudo que a ajudaram a alcançar a tão almejada aprovação.
“Minha mãe sempre dizia que o estudo é algo que ninguém pode tirar de você, e eu realmente acredito nisso. Ela falava que a única herança que poderia me deixar era o acesso à educação, e que eu deveria estudar o máximo possível, porque isso seria a única coisa que eu realmente conseguiria conquistar e levar para a vida", ressalta.
Em 2020, quando a aprovação chegou, ela se tornou um símbolo de esperança em sua cidade. "Quando eu passei, foi um alívio total. Foram anos de vida dedicados a um sonho que, finalmente, se tornou realidade. Todo mundo na cidade se emocionou muito, porque todos sabiam do meu esforço. Todos viam que eu estudava muito há muito tempo e que, em várias ocasiões, deixei minhas próprias vontades de lado para me dedicar a esse objetivo", conta.
Foi o mentor que falou para Gabrielly que seria viável a tentativa de um estágio internacional. Ela nunca havia pensado nessa possibilidade, mas, quando seu mentor, a quem conheceu por causa de seu trabalho com redes sociais, falou que, dentro das análises, Harvard seria uma possibilidade, ela focou seus esforços na universidade.
Após aplicar para instituições renomadas, e receber vários “nãos”, o tão esperado aceite veio de Harvard, tornando realidade um objetivo que parecia distante. “Receber essa notícia foi como ver todos os sacrifícios fazendo sentido. Tudo isso foi possível graças ao apoio da minha mãe, que nunca desistiu de me incentivar, e às parcerias que conquistei,” enfatiza.
A UFS também ajuda a transformar a vida de servidores
A professora do departamento de Letras vernáculas Renata Ferreira Costa Bonifácio também tem uma história digna de roteiro de filme. Nascida na Zona Leste de São Paulo, a servidora vem de uma família de origem humilde e, através da educação, conseguiu ascender socialmente. Renata foi a primeira da família a ingressar no ensino superior, seguida pela irmã e pelo irmão mais novo.
Seu maior incentivador era seu pai, o técnico em contabilidade Milton Ferreira, que apesar de ter mais familiaridade com os números do que com as letras, escrevia bastante e estava sempre em busca de conhecimento.
“Minha introdução no mundo da educação foi através do meu pai, que lia em voz alta na cozinha. Foi ele quem despertou meu amor pelos livros. Na minha casa sempre teve muitos livros também e, quando eu aprendi a ler, ele me trazia revistas”, relembra.
Durante a graduação, Renata enfrentou dificuldades, e às vezes, tinha de escolher entre se alimentar ou pagar a condução até a universidade. Na USP, ela se deparou com realidades distintas. “às vezes, eu não conseguia acompanhar determinadas matérias. Meus colegas, que haviam estudado nos melhores colégios de São Paulo, tinham uma base muito mais sólida. Como estudei a vida inteira em escola pública, precisei me esforçar muito mais do que eles. Enquanto eles saíam de férias para descansar, eu aproveitava esse tempo para estudar e tentar recuperar o que faltava”, conta.
Apesar das barreiras, ela não desistiu, no segundo ano de sua graduação, conseguiu uma bolsa de iniciação científica, que a ajudava a pagar o transporte e materiais de estudo. Após a graduação, Renata fez mestrado e doutorado em Filologia e Língua Portuguesa, incluindo uma experiência internacional na Universidade de Lisboa, em Portugal.
Em 2013, após concluir o doutorado, recebeu a oportunidade de trabalhar em Sergipe. Ela trabalhou, primeiro, em duas instituições particulares e, em seguida, fez concurso para professora efetiva da Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde ela desenvolve vários projetos de extensão de impacto social, que conectam a educação básica e a universidade.
Um pouco mais sobre os cursos de museologia e medicina
O curso de Museologia da UFS rompe barreiras ao desafiar a visão ultrapassada sobre museus. Professores e alunos exploram os princípios contemporâneos de musealização, que combinam tradição com inovação tecnológica e ação social. Hoje, os museus não apenas preservam memórias, mas também promovem a interlocução com a sociedade, como observado nos projetos de ecomuseus e museus extramuros.
O profissional museólogo é responsável pela organização e conservação de acervos, além de planejar ações educativas em espaços culturais diversos, como memoriais e bibliotecas. Já a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Sergipe (UFS) é referência na formação de profissionais que atuam no mercado sergipano, contribuindo diretamente para a saúde pública do estado.
Fundada no início da década de 1960, com um curso voltado para ações de prevenção, promoção e proteção à saúde, a graduação de Medicina oferece uma formação generalista, humanista e reflexiva, capacitando médicos para atender demandas individuais e coletivas.
Além disso, o amplo campo de atuação abrange não apenas o contato com pacientes, mas também pesquisas, gestão de centros de saúde e ensino. Locais como o Hospital Universitário de Aracaju e o Hospital de Urgência de Sergipe são exemplos das oportunidades para os egressos.
Tatiane Macena - Ascom UFS