Qui, 23 de janeiro de 2025, 16:18

Filme Opará, fruto de projeto de pesquisa da UFS, ganha premiação em Festival de Cinema de Sergipe
Obra venceu a premiação no 23º Curta-se - Festival Iberoamericano de Cinema de Sergipe na categoria Melhor Longa-metragem Júri Popular.
(Foto: arquivo pessoal)
(Foto: arquivo pessoal)

O documentário “Opará - imaginários do São Francisco”, dirigido pela professora do departamento de Comunicação Social Erna Barros e pelo cineasta Ewertton Nunes, venceu a premiação no 23º Curta-se - Festival Iberoamericano de Cinema de Sergipe na categoria Melhor Longa-metragem Júri Popular.

O filme nasceu do projeto de pesquisa Scientia Opará, realizado por professores da UFS em parceria com as universidades federais de Santa Catarina (UFSC), do Cariri (UFCA) e do Vale do São Francisco (UNIVASF).

O projeto Scientia Opará, coordenado por Erivanildo Lopes (DQI/UFS), Tatiana Santos (IFE/UFCA) e Maria Cilene Freire (CCINAT/UNIVASF) em parceria com escolas estaduais em diversas cidades do nordeste, que originou o filme, promoveu uma integração interdisciplinar entre ciência, cultura e comunidades locais. Depois de algumas visitas ao Rio São Francisco e uma conversa inspiradora sobre a lenda do Opará entre professores da UFS, UFCA e UFSC, nasceu o filme. A pesquisa Scientia Opará foi apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo do Laboratório de Pesquisa em Ensino de Ciências (LaPEci).

“Opará - imaginários do São Francisco” propõe uma discussão sobre o Rio São Francisco a partir dos imaginários de ribeirinhos, indígenas, pescadores e tantos outros personagens que vivenciam experiências diversas a partir do Velho Chico. A diretora e professora Erna Barros explica que o documentário tem um papel importante no estímulo de reflexões dos telespectadores acerca das relações com o Rio São Francisco.

“É um filme que alimenta nosso interesse pelo Rio da Integração Nacional, observando sua importância ambiental, mas também cultural, social e econômica em diferentes municípios do Brasil. Nossa proposta é ainda refletir sobre a importância dos saberes e da cultura popular no processo de construção de conhecimento para além dos muros da universidade. Ao apresentar diferentes perspectivas, o documentário desafia narrativas únicas e hegemônicas, promovendo uma compreensão mais plural e complexa do rio”, disse a diretora Erna Barros.

O Processo de produção


O filme cumpre um importante papel de reflexão social e pretende inspirar os espectadores a se tornarem protetores do Opará (Foto: Everton Morais)
O filme cumpre um importante papel de reflexão social e pretende inspirar os espectadores a se tornarem protetores do Opará (Foto: Everton Morais)

Erna e Ewertton receberam o convite para serem os documentaristas e transformar em uma narrativa audiovisual os imaginários compartilhados por alunos, professores e pela população ribeirinha dos municípios conectados ao Rio São Francisco. Então, eles se dedicaram a encontrar histórias que ajudassem a evidenciar a importância sociocultural e socioeconômica do Opará para diferentes grupos, incluindo pescadores e comunidades indígenas.

O processo de produção do filme foi trabalhoso e envolveu professores, pesquisadores, e a própria comunidade. Inicialmente, a equipe de produção visitou escolas públicas de Sergipe, Alagoas e Ceará, a fim de observar como os docentes trabalhavam os imaginários do Rio São Francisco a partir de ações artísticas e culturais. Os alunos criaram poemas, desenhos, danças e peças de teatro, revelando um imaginário repleto de lendas e crenças transmitidas oralmente, como as histórias do Nego d’Água, da Mãe d’Água e de uma cobra gigante que habita o Opará.

Além disso, o grupo teve contato com povos originários. Eles visitaram a aldeia Kariri Xocó, em Porto Real do Colégio (AL), e os indígenas Isú Kariri, em Brejo Santo (CE). Esse trabalho imersivo os proporcionou, além do conhecimento, uma rica produção de imagens que narra histórias, memórias e vivências compartilhadas.

“Foram meses de andanças entrevistando e organizando as imagens, pois, compreendemos que há uma grande responsabilidade em documentar subjetividades que são dotadas de crenças, misticismo, mas que também revelam realidades de pessoas que tiveram suas vidas transformadas positiva e negativamente com a presença do Rio São Francisco”, conta o também diretor e doutor em Educação Ewertton Nunes.

Opará conecta saberes acadêmicos e populares


O documentário ajuda a preservar memórias e contribui para a construção de uma visão mais integrada, diversa e respeitosa do patrimônio natural e cultural do Rio São Francisco. (Foto: arquivo pessoal)
O documentário ajuda a preservar memórias e contribui para a construção de uma visão mais integrada, diversa e respeitosa do patrimônio natural e cultural do Rio São Francisco. (Foto: arquivo pessoal)

O documentário se destaca por unir saberes acadêmicos e populares, valorizando memórias e promovendo uma visão integrada do patrimônio natural e cultural do Rio São Francisco. O projeto Scientia Opará estabeleceu um elo significativo entre a UFS e as comunidades ribeirinhas e indígenas, envolvendo professores, pesquisadores e alunos das universidades parceiras.

“Essas conversas nos permitiram acessar ribeirinhos que compartilharam informações valiosas sobre as lendas do Velho Chico, questões socioambientais, o impacto da Hidrelétrica de Xingó, além de aspectos ligados à agricultura e à subsistência local. Essas narrativas autênticas ampliaram a compreensão sobre a relação das comunidades com o rio e enriqueceram o processo de pesquisa”. ressalta Erivanildo Silva, coordenador geral do projeto Scientia Opará.


A colaboração entre professores, pesquisadores e alunos foi essencial para garantir a riqueza e a autenticidade do filme. (Foto: Arthur Gil).
A colaboração entre professores, pesquisadores e alunos foi essencial para garantir a riqueza e a autenticidade do filme. (Foto: Arthur Gil).

Além de apoio acadêmico, a UFS forneceu equipamento, estrutura logística e interdisciplinar essencial para o projeto, como transporte para visitas a escolas e comunidades, uso do alojamento do Museu de Arqueologia de Xingó (MAX) e espaços para oficinas e reuniões, cruciais para o trabalho de campo. Essas contribuições permitiram a conexão do conhecimento científico produzido na universidade com as histórias e memórias das comunidades locais, sendo um elemento-chave para a realização do documentário.


A troca de conhecimento entre integrantes da universidade e as comunidades locais foi essencial para a realização do filme. (Foto:  Arthur Gil)
A troca de conhecimento entre integrantes da universidade e as comunidades locais foi essencial para a realização do filme. (Foto: Arthur Gil)

O filme concorre em outros festivais de cinema do país e, em breve, será exibido também na UFS e disponibilizado em plataformas streamings. A produção cumpre um importante papel de reflexão social e, por isso, a intenção é garantir que o maior número possível de pessoas tenha a oportunidade de assistir.

“O filme estará a serviço da formação dos estudantes da nossa Universidade Federal de Sergipe, não somente por ser um produto que nasceu da ciência, mas porque acreditamos que todos os cursos precisam oportunizar que os alunos conheçam a produção audiovisual sergipana e ajudem a multiplicar os espectadores para essas produções. Nosso documentário é um produto da Educação em todas as suas dimensões e estará sempre a serviço dela”.

Tatiane Macena - Ascom UFS


Atualizado em: Qui, 23 de janeiro de 2025, 16:31
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