A Universidade Federal de Sergipe (UFS) abriu as portas, nesta quinta-feira (30), para ações de combate ao trabalho escravo. O Restaurante Universitário do campus Professor José Aloísio de Campos, no município de São Cristóvão, foi o palco para a apresentação da peça “Quem vê cara não vê coração. Trabalho sim, escravidão não”, pelo grupo Teatro de Bonecos Mamulengo de Cheiroso.
A iniciativa integra uma campanha promovida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pelo Instituto Social Ágatha, considerando o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, que é celebrado em 28 de janeiro. A proposta é conscientizar a população sobre o que caracteriza o trabalho escravo contemporâneo e sobre formas de denunciá-lo. A UFS é parceira dessa iniciativa.
O procurador do trabalho Adroaldo Bispo destacou a importância da universidade nas ações desenvolvidas pelo MPT. De acordo com ele, a parceria com a UFS teve início no ano de 2009 e, desde então, a instituição vem contribuindo com a difusão de campanhas e com pesquisas e projetos de extensão que têm como foco questões ligadas às condições de trabalho da população.
“O Ministério Público do Trabalho enfrenta dificuldades em iniciativas que não demandem ações judiciais, atuações de pesquisa, de extensão, que funcionam de forma complementar ao que nós fazemos. Aqui em Sergipe nós passamos a ter êxito a partir dessa parceria, dessa cooperação técnica douradora e profícua. Costumo dizer que somos privilegiados”, observou o procurador do trabalho.
Adroaldo Bispo lembrou, ainda, que o trabalho escravo ainda é uma realidade presente no mundo. “Até o ano de 2023, nós resgatamos com frequência pessoas em condições análogas à escravidão. No ano de 2024, no entanto, nós tivemos 38 denúncias, mas não conseguimos caracterizar essa situação. Mas, a precariedade nos impôs devolver esses trabalhadores aos seus estados de origem”.
Conforme informações disponibilizadas no site do MPT, desde 1995, mais de 60 mil pessoas foram resgatadas em condições semelhantes à escravidão no Brasil. Só em 2024, o país registrou mais de 1.600 trabalhadores resgatados. A fonte dos dados é o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A professora Tereza Sena, que está à frente da Coordenação de Tecnologias Sociais e Ambientais da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e liderou a parceria com o MPT e com o Instituto Social Ágatha, pontuou que a ideia de levar a ação à UFS é popularizar o conhecimento por meio de uma linguagem acessível e de fácil entendimento, promovendo o intercâmbio de conhecimentos.
“Esse tema já é trabalhado de forma acadêmica por várias áreas, como dentro do Direito e da área de Saúde, mas hoje vai ser abordado de uma forma mais lúdica. É uma maneira para as pessoas compartilharem, rirem, mas também entenderem que um tema tão denso pode ser transmitido de uma forma mais leve à sociedade”, explicou a professora Tereza Sena.
A estudante de Fonoaudiologia Nathaly de Oliveira desenvolve pesquisas sobre os impactos do ruído no trabalho de profissionais que atuam em Aracaju, mas ressalta que momentos como este são importantes para a sensibilização da comunidade acadêmica sobre a saúde ocupacional de forma ampla.
“Acho muito pertinente que haja essa conscientização para a gente saber como orientar o nosso público, como intervir nessas questões de saúde, não só de saúde auditiva, mas de saúde mental e qualidade de vida no geral. E o melhor de tudo é que está sendo feito de uma forma leve, mesmo sendo um assunto pesado. É um assunto importante, mas que está sendo passado para a linguagem cultural do nosso estado, então eu acredito que essa é uma ótima iniciativa”, concluiu a estudante.
Ascom UFS