As lutas e avanços nas conquistas femininas foram abordados no evento ‘8M no Xique-Xique: viver sem violências, com afeto e empoderadas’, que reuniu estudiosos e interessados pela tema nesta terça-feira, 11, na Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Integrantes de diversas áreas de conhecimento, que participam do grupo de pesquisa sobre Gênero e Sexualidades - Xique-Xique/CNPq/UFS lembraram o Dia da Mulher como uma data política e viabilizaram o diálogo acerca da resistência feminina frente à desigualdade de gênero.
“Parte da discussão que trazemos hoje é questionar a própria teoria: o que é o empoderamento? O empoderamento não é algo simplesmente individual. A gente entende como uma luta coletiva”, disse uma das pesquisadoras do Xique-Xique, Luísa Maria Ramos Costa.
Como interesse coletivo, as lacunas de insegurança deixadas em alguns contextos e territórios, como é o caso do Sertão sergipano, motivaram as pesquisas. E, apesar de celebrar as conquistas, a pesquisadora e professora do ensino básico Lynna Gabriella Silva Unger, também lembrou as violências sofridas pelas mulheres.
“A gente vê e comprova o aumento dos números de violência, ainda que em alguns casos, como por exemplo, em 2024, que teve um menor registro de números brutos totais de feminicídios, porém, as tentativas de feminicídio aumentaram. Então a gente reverbera para espaços como esse, para que a informação possa circular de uma forma mais clara”, argumentou Unger.
Para Agnes Vitória Souza, travesti e moradora de Nossa Senhora da Glória, no Sertão sergipano, espaços como este são importantes para trazer a comunidade ao debate. Ela finalizou o ensino médio e sonha em cursar Geografia na UFS para ajudar nos estudos da temática de gênero.
“Expor essa temática à sociedade é o primeiro passo para tornar evidente esse problema social e através dos estudos geográficos de análise social e política, mostrar para a sociedade o quão brutais são esses crimes”, reforçou.
Levar o assunto para fora da universidade também é defendido pelo doutorando em Antropologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), egresso da UFS e integrante do Xique-Xique, Gladston Passos.
“A gente tenta trazer a sociedade para a academia, porque normalmente as pesquisas acabam ficando apenas no âmbito acadêmico. Estamos sempre buscando ir em outros espaços, como os escolares. Porque entendemos que o ensino básico é o primeiro local que deve ser realmente ensinado sobre questões de machismo, violência contra a mulher”, finalizou.
O Xique-Xique
Coordenado pela professora do Departamento de Educação em Ciências Agrárias e da Terra do Campus do Sertão Patrícia Rosalba,o grupo Gênero e Sexualidades - Xique-Xique, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), surgiu na UFS em 2011 e atua pesquisando temas vinculados aos direitos humanos, principalmente as violências que atingem mulheres e pessoas LGBTQIAPN+, questões de saúde, mulheres camponesas e ruralidades e tecnologias sociais.
Jéssica França - Ascom UFS