Um dia de celebração da cultura popular sergipana. Assim pode ser definida esta quarta-feira, 12, quando 12 fazedores de cultura do estado receberam o “Grau de Mérito em Artes e Cultura Popular e em Saberes e Fazeres”, concedido pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), em solenidade ocorrida na Cidade Universitária José Aloísio de Campos, no município de São Cristóvão.

Os novos mestres e mestras da cultura popular passam a integrar um seleto grupo de personalidades que tiveram seus conhecimentos reconhecidos pela academia. Os novos mestres foram selecionados por uma comissão formada por representantes da UFS, do Conselho Estadual de Cultura, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Fundação de Cultura Aperipê.

Receberam o reconhecimento, depois de atender a critérios estabelecidos por meio de edital,os mestres e mestras André Alves da Silva, Antônio Francisco da Silva, Carlos César Batinga Santos, Edson dos Santos, Emerson Moraes de Santana Vieira, José Florêncio dos Santos, Lores Fernanda Andrade, Maria de Fátima Resende, Maria Dominga dos Santos, Marilene dos Santos Moura, Tânia Cristina Barroso Aguiar e Wellington de Oliveira Lima.

Brincante de Reisado São José, em Japaratuba, a mestra Marilene dos Santos Moura celebrou mais uma conquista. Em 25 de fevereiro deste ano, ela também recebeu o título de Patrimônio Vivo da Cultura de Sergipe por parte do Governo do Estado. Para a mestra, o reconhecimento recebido por parte da UFS e do Governo do Estado demonstra a importância do saber e do fazer popular.

“Para mim é um privilégio, não tem dinheiro que pague. Um dia, meu fazer já foi muito desvalorizado, até pelos meus próprios amigos. Eles falavam que eu não era mestra, que eu não tinha como provar. Mas Deus é tão maravilhoso que não precisei provar. Só tenho a agradecer à UFS por esse reconhecimento. É um sentimento inexplicável”, destacou a mestra Marilene dos Santos Moura.

Outro mestre reconhecido foi José Florêncio dos Santos, conhecido como Mestre Cipó, que atua no município de Japaratuba e tem como inspiração preservar o Cacumbi de Nego e o Cacumbi Mirim de Escola ao longo de gerações. Mestre Cipó se disse honrado pelo título recebido e pela possibilidade de troca de conhecimentos entre o meio acadêmico e a cultura popular do estado de Sergipe.

“A minha força de vontade e a alegria que eu trouxe para Japaratuba me trouxeram até aqui. Só tenho motivos para agradecer a todos aqueles que contribuíram e que contribuem para preservar o Cacumbi de Nego e o Cacumbi Mirim de Escola e levá-los de geração em geração”, pontuou o Mestre Cipó.

Durante a cerimônia de entrega do “Grau de Mérito em Artes e Cultura Popular e em Saberes e Fazeres”, o reitor da UFS, professor Valter Joviniano de Santana Filho, destacou a importância da troca de conhecimentos entre a universidade e a cultura popular. O gestor enfatizou que momentos como este contribuem significativamente para a preservação do legado histórico e cultural de Sergipe.

“A cultura é extremamente importante para a consolidação do conhecimento e para a proteção da nossa sociedade. Então, como a universidade reconhece e internaliza esses mestres e mestras, nós estamos também protegendo a cultura Sergipana e levando isso para as próximas gerações”, observou o reitor.

A Pró-Reitora de Extensão e Cultura, Sueli Pereira, também ressaltou a importância da concessão do grau especial pela universidade. “Esse é um momento extremamente rico, festivo, de muito acolhimento aos nossos mestres. É um papel que a universidade faz de fortalecer a cultura e possibilitar que essa cultura se manifeste na nossa universidade e fora dela, com a participação dos nossos mestres trazendo esse conhecimento”.

A pró-reitora complementou: “Os mestres têm contribuído de uma forma magnífica, participando das nossas atividades, prestigiando os eventos junto à universidade em todos os campos. Nós temos tido o cuidado de levá-los a outros campi também para poder participar, fazer essa troca de conhecimento com nossos alunos, com nossos professores, com os terceirizados”, concluiu Sueli Pereira.

Entusiasta da cultura popular e responsável pela Coordenação de Tecnologias Sociais e Ambientais (CTSA) da UFS, a professora Tereza Sena explicou que a solenidade ocorrida nesta quarta-feira reconhece os mestres em duas categorias: Arte e Cultura Popular e Saberes e Fazeres. De acordo ela, o movimento adotado pela universidade assegura que tanto a universidade quanto a comunidade ganhem com a iniciativa.

“Todos ganham. Ganha a universidade, porque a gente desenvolve trabalhos de extensão, de pesquisa e de ensino, e ganha a sociedade, que traz o saber popular aqui para dentro, aproximando as pessoas. Então é um momento, assim, de alegria, de reconhecimento”, concluiu a professora Tereza Sena.

Eduardo Almeida - Ascom UFS