Sex, 21 de março de 2025, 17:35

Documentário sobre comunidade ribeirinha do Bairro Industrial é produzido por estudantes e pesquisadores da UFS
As comunidades começaram a despertar a atenção de estudantes e professores em 2021, por causa de ordens de despejos
Documentário Raízes da Maré. (Foto: Yan Lima/Ascom UFS)
Documentário Raízes da Maré. (Foto: Yan Lima/Ascom UFS)

A luta e a resistência por moradia digna e preservação da memória de comunidades de pescadores, marisqueiras e mestres barqueiros à margem do Rio Sergipe, no Bairro Industrial, Zona Norte de Aracaju, foram retratadas do documentário Raízes da Maré, lançado nesta sexta-feira, 21, pelo Trapiche, um projeto de extensão da Universidade Federal de Sergipe (UFS), em parceria com estudantes do curso de Cinema e Audiovisual. O evento ocorreu no Palácio Fausto Cardoso, no Centro da capital.

As comunidades começaram a despertar a atenção de estudantes e professores em 2021, por causa de ordens de despejos da área que pertence à União e abriga cerca de 60 famílias há 40 anos. No ano seguinte, um projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal declarou a comunidade Patrimônio Cultural e Imaterial de Aracaju.

A saída dos moradores e trabalhadores, segundo os pesquisadores, desencadeia a perda da moradia e da renda e de saberes populares, que já são escassos, como explicou a estudante de Arquitetura e Urbanismo da UFS e membro do Trapiche Lizandra Messias.

“A ideia foi fazer o fortalecimento da comunidade, que é marginalizada, para que essas pessoas sejam enxergadas pelas autoridades. Falar da Prainha e da Fibra é falar da formação de Aracaju e como aquelas pessoas vêm sendo retiradas dos seus locais tradicionais de morada. E não só de morada, mas também de trabalho, já que são os últimos mestres barqueiros de Aracaju, um saber ancestral, que movimenta toda uma economia de uma comunidade”.

Estudante de Arquitetura e Urbanismo da UFS e membro do Trapiche Lizandra Messias. (Foto: Yan Lima/Ascom UFS)
Estudante de Arquitetura e Urbanismo da UFS e membro do Trapiche Lizandra Messias. (Foto: Yan Lima/Ascom UFS)

No documentário ainda foi retratada a forma como a urbanização impactou a renda e a rotina das comunidades. Conforme explicado pelos próprios pescadores, as grandes construções ao redor, como ponte e orla, além de fábricas, afastaram os peixes da margem do rio.

A marisqueira Gilcélia Catarina dos Santos, conhecida como Nena, aprendeu a catar mariscos com o pai, que também constroi barcos, mas, atualmente, sua sobrevivência não vem mais apenas da maré. “Quando dá pra pescar, a gente pega alguma coisa. Quando não, eu vou cozinhar ajudando meu pai vendendo almoços no restaurante”, explicou.

Segundo os pesquisadores, após anos de luta judicial, a expectativa é que as comunidades saiam do terreno da União e vão para outro mais distante, mas ainda perto da maré. “A luta é grande. Nós não vamos ficar ali, vamos pra um pouco mais distante, mas ainda vamos ficar perto da nossa maré. Sem a nossa maré a gente não vive”, reforçou Nena.


"Sem a nossa maré a gente não vive", disse a marisqueira Nena. (Foto: Yan Lima/Ascom UFS)
"Sem a nossa maré a gente não vive", disse a marisqueira Nena. (Foto: Yan Lima/Ascom UFS)

A pró-reitora de extensão da UFS, Sueli Pereira, destacou o engajamento dos alunos para além dos muros da universidade. “A gente vê então uma atuação ativa dos alunos, uma participação ativa na comunidade, que também faz parte de um todo. São em projetos como esse que a gente comprova a importância de ações de extensão”.

Trapiche

O Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da UFS, Trapiche, foi fundado em 2014 e está instalado na casa de Extensão da UFS em Laranjeiras (Oficina Escola), onde ocorrem elaboração de projetos e realização de reuniões internas e com a comunidade. Atualmente conta com estudantes efetivos, estudantes colaboradores e professor orientador, além de outros integrantes da UFS e instituições parceiras.

Interessados em saber mais sobre o documentário Raízes da Maré, como assistir ou reproduzir, podem entrar em contato com o Projeto Trapiche através do telefone (79) 99821-7998.


Membros do Projeto Trapiche. (Foto: Yan Lima/Ascom UFS)
Membros do Projeto Trapiche. (Foto: Yan Lima/Ascom UFS)
Pinturas remetem a comunidade. (Foto: Yan Lima/Ascom UFS)
Pinturas remetem a comunidade. (Foto: Yan Lima/Ascom UFS)
(Foto: Yan Lima/Ascom UFS)
(Foto: Yan Lima/Ascom UFS)

Jéssica França - Ascom UFS


Atualizado em: Sex, 21 de março de 2025, 23:53
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