Compartilhar experiências, vivências e conhecimentos adquiridos durante o primeiro ano letivo, com as visitas em 27 microáreas de saúde do município de Lagarto. Este foi o objetivo da XII Mostra da PEC - Prática de Ensino com a Comunidade, realizada na última segunda-feira, 24, no campus Lagarto. Coordenados por docentes, os alunos são divididos em pequenos grupos para visitação nas comunidades e povoados do município, especialmente em localidades em situação de vulnerabilidade socioeconômica, acompanhados por agentes comunitários de saúde.

A PEC integra as metodologias ativas do campus Lagarto. O diretor da unidade, professor Makson Oliveira, acredita que a inserção da PEC, presente desde o início das atividades, ajuda a traçar o perfil profissional dos discentes e egressos do campus. “A inserção desde o começo dos cursos é um agente humanizador, pois são alunos que são colocados em contato com a realidade da comunidade no qual está inserido. E isso reflete o nosso perfil: alunos e egressos integrados e preparados para o SUS”, pontua.

O vice-diretor, professor Luis Felipe Souza, destaca a multidisciplinaridade. “No primeiro ciclo [ano letivo], os estudantes de todos os cursos fazem essas visitas juntos. E não é só nisso que a integração acontece. Nós temos aqui estudantes de realidades socioeconômicas e até mesmo geográficas muito diversas uma da outra. Além disso, a PEC não fica restrita ao primeiro ciclo, Todos os nossos cursos possuem atividades com a comunidade”, avalia.

Chefe do Departamento de Educação em Saúde (responsável pela oferta do primeiro ciclo), a professora Rosiane Dantas acredita que o contato próximo e diálogo direto entre alunos e docentes facilita o aprendizado. “É uma alegria estar dentro de uma universidade em que a gente consegue reunir turmas pequenas, de 12 ou 15 alunos, conversar e olhar nos olhos de cada um”, explica.

O coordenador da PEC, professor Helmir Rodrigues, acredita que integração é a palavra-chave da atividade. “Nossa maior expectativa, tanto ao longo do ano quanto aqui no evento, é que os alunos se integrem e participem de forma ativa. Tudo isso é estimulado pelos docentes. Temos aqui estandes com as informações trazidas pelos nossos discentes, mostra de vídeos (minidocumentários e vlogs) realizados pelas turmas. É o reflexo do professor como facilitador do aprendizado, trazendo as considerações e o conhecimento necessário, mas estimulando a autonomia de cada um desses alunos”, explica.

Um desses discentes foi Matheus de Andrade, que visitou o povoado Olhos D’Água. “No começo, foi um impacto muito grande, não tenho como negar. Eu vi ali muito perto de mim coisas que antes eu só via nas notícias. E acho que isso vai realmente me fazer um profissional de saúde mais empático e humanizado. Não tenho dúvidas de que foi uma experiência transformadora”, avalia.

Essa sensação inicial também foi sentida pela discente Isabela Santana. “Acho que a PEC tem uma função muito importante, a de ‘furar a bolha’. Eu tive contato com outras realidades, sempre tomando cuidando para agir de forma respeitosa e tentar ao máximo não demonstrar esse impacto. Além disso, fazer isso ao lado de alunos de diversos cursos também foi muito importante, pois nenhum profissional de saúde trabalha sozinho”, observa.

Responsável pela turma da qual Isabela fez parte, com visitas ao Conjunto Morumbi, o docente Roberto Lacerda explica que esse impacto inicial é comum entre muitos discentes. “Muitas vezes, são alunos com realidades socioeconômicas muito diferentes dos locais que vão visitar. Indo aos territórios, eles descobrem cenários que não são comuns em seus cotidianos”, explica.