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Para o estudo científico, Karina vem aplicando a arqueologia pública, que é uma área da ciência Arqueologia onde o pesquisador concilia interesses da comunidade pesquisada x pensamento científico, considerados importantes no processo de construção de identidades étnicas para a consequente inclusão social. “Quando a ciência Arqueologia é bem empregada, configura-se como ferramenta de inclusão social por proporcionar a oportunidade de dar voz a minorias que foram apagadas no curso da história”, diz a estudante.
Ao destacar a importância dos sítios arqueológicos (que são em sua maioria formados por cemitérios indígenas) para o fortalecimento das identidades étnicas, ela diz que é exatamente nesses espaços onde povo indígena atribui a estadia de seus antepassados na região. “Há uma grande incidência de sítios arqueológicos nas áreas indígenas Xucuru-Kariri e Xocó e as pesquisas constatam que eles foram ocupados antes dos 500 anos da conquista do continente pelo mundo europeu. Uma das etapas da pesquisa consiste em verificar a relação das comunidades estudadas com seus sítios arqueológicos”, frisa Karina Miranda.
Fazendo uma breve retrospectiva histórica, Karina destaca que no Século XIX, os grupos indígenas do Nordeste foram considerados como povos aculturados e ficaram sem referência quando da perda de suas terras, que só foram retomadas quase um século depois. “Esses grupos passaram por um processo de (re)construção de sua identidade a partir do auxílio de comunidades mais adiantados na luta de conquista do direito de exercício de sua identidade”, frisa.
Em Alagoas, a pesquisa realizada por Karina Miranda conta com apoio do Núcleo de Ensino e Pesquisa Arqueológica (Nepa) da Ufal, e os trabalhos de campo têm a parceria dos alunos João Carlos Lima de Morais e Luany de Fátima Oliveira do curso de História do Campus A. C. Simões. Em Sergipe, ela é bolsista da Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Farpitec) e conta também com apoio do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da UFS.
Pesquisas na Ufal
A intimidade da pesquisadora com a temática indígena vem desde a graduação em Ciências Sociais na Ufal quando integrou o Núcleo de Estudos de Pesquisa Arqueológica (Nepa), coordenado pelo professor Scott Joseph Allen, orientador de seu trabalho de conclusão de curso, que teve como foco indígenas do Xucuru-Kariri, em Palmeira dos Índios. Karina Miranda realizou vários estudos em parceria nessa área como bolsista da Pró-reitoria de Extensão e da Fundação de Amparo à Pesquisa em Alagoas (Fapeal) e vem participando ativamente de eventos nessa área, inclusive com trabalhos selecionados e apresentados.
A estudante destaca que ao concluir o mestrado em março 2013, pretende seguir carreira docente e como pesquisadora implementará estudos em arqueologia pública aplicada a pesquisa que realiza, pela importância que representa essa área ao aproximar à comunidade do trabalho científico. “E importante salientar que o exercício da arqueologia pública pode ser ampliado a outras parcelas da sociedade como: ribeirinhos, quilombolas e comunidades periféricas de grandes cidades”.
Na Ufal, os estudos em arqueologia são também de responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Estudos Arqueológicos e Históricos (NUPEAH), no Campus do Sertão, sob a coordenação do professor Flávio Augusto de Aguiar Moraes. As ações na área contam ainda com parceria da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), localizada em Petrolina - Pernambuco, que proporciona ao professor Waldimir Maia Leite Neto a realização de vários estudos arqueológicos em Alagoas.